sexta-feira, 28 de março de 2014

51.

Na quinta dia onze à noite
meu pai tinha chamado o inem
                      para me levar
já durante a tarde
              lhe tinha feito frente
quase disposto a bater
pedira euros a minha mãe
resoluta como nunca a tinha visto
negara-mos e eu
amarfanhara-os de cima do frigorífico
para ir fumá-los
levei a melhor com os enfermeiros
fiquei no anexo.
em contrapartida a minha família mudou-se
saíram com medo e aconselhados
deixaram-me sozinho
por não querer ir para o hospital
tomei posse do castelo do meu pai
lembro de comentar com angústia:
- não me conseguiram levar.
depois desta denúncia e sexta à tarde
minha mãe chega com uma das minhas irmãs
e sentam-se na sala à espera
eu entro, insulto, cuspo, chamo nomes etc
e uma campainha toca:
elas só tinham vindo a casa por
                             esperarem a bófia
não me conseguem levar porque
              o formulário está mal escrito
duas fardas azuis abordam-me à noite
à porta do anexo mostram cartões de identificação
um deles com bigodinho à viseu
o outro parecia irmão do pinheiro
eu abro a porta a fumar um charro
e levam-me sem me deixar fechar a porta
dizem que minha irmã a fecha
a mesma irmã que me seduziu a abri-la para eles
Fui obrigado a ser observado e analisado
                   por duas batas verdes na urgência
sexta dia doze. uma bata usada por um espertalhão
a outra falava espanhol
escrevia o que era relevante ou seja
como não me calava... tudo
o que me pudesse incriminar.
Olá... hoje é dia 14, entrei há três horas
em Vallis, em definitivo.
Venho de um hospital temporário
onde estive duas noites.

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