sexta-feira, 14 de março de 2014

28.

Bate leve levemente filho.
Dá turrinhas na parede
e, quando o galo cantar e já
não crescer mais, concordarás
com a fotomontagem cheia de
corpos a pensar o mesmo que tu:
foder aquece o corpo sozinho de
Onan, Nietzsche, Leverkhun, Pavese...

E tantos - credo abrenunxia - e tantas!
Dizer tudo isto ao sedotô?
Para que aumente a dose,
para que o cérebro se transforme
                                  em couve frita?
Vale mais disfarçar e fazer
                                como o argentino
- uma personagem de Anais Nin.

Engoma as calças e imagina
                seguir uma bela mulher
                avenida abaixo.
Entram num quarto juntinhos...

Acho linda esta consumação:
'se não podes foder imagina.'
mas...
a medicação tira a vontade de ter tusa,
                    tira a potência de querer
                                  ordenar o caos.


[Nota de transcrição]
Este texto encontra-se truncado,
                         quase racionalizado
mas...
relendo reparo que houve um clique,
começo a reparar que o galo canta
                             todas as madrugadas.
Ficar dependente de um subsídio,
de uma indemnização que não chega,
de uma amiga que não tenho...
                                  também ajuda.
Tudo me leva à apologia do onanismo,
e não dormir e acompanhar às seis da manhã
o canto do galo.
O 'ter-me visto' numa fotomontagem na web
baseada numa obra de Spencer Tunick dá-me
a ilusão de ser público,
a ilusão de alguém se divertir a desconstruir-me
a ilusão de valer a pena responder ao absurdo
        com o riso absurdo
        com a deformação abjecta da palavra
        com o estilhaçar ofensivo do Eu.

As cartas-bomba fazem planos
                           para ser remetidas.
Nem tudo será inteligível ou bem educado.
Amen.

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