Não recebemos há dois meses.
Este é um diálogo a uma só voz
sobre a precariedade.
- Mãe, veja bem...
O senhor A e o boss inadmissível
são uns espertalhões.
Abre-se uma empresa com fundos do estado
e todos os dias se chega com novas ideias
que não saem do papel.
Uma ilusão os move: o lucro de vender e
descansar à sombra da bananeira.
Ideias que não saem do papel.
Investimentos irrevogáveis:
três(?!) scanners e só um elemento
que os sabe utilizar;
três meses sem impressora
por falta de tinteiros;
uma central de telefónica e telefones a ganhar pó
que ninguém atende
porque ninguém liga.
Um emprego keynes. Pastamos a toura.
Não fazemos nada de produtivo.
Agora fazem o jogo mesquinho,
esperam pelo prazo legal para pagar,
evitar a nossa rescisão por justa causa.
Quem dera que o boss pague.
Não recebemos há dois meses e meio.
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